Excertos do Livro

Você pergunta-me, então: "Como posso ser eu mesmo?".
Isso devia ser a coisa mais simples do mundo. Mas não o é. Na verdade, para ser quem é, não devia precisar de fazer nada. Você já o é. O problema surge porque ao longo da sua vida carregaram-no de imposições e você perdeu o contacto consigo próprio. Afastaram-no da sua essência, de quem você verdadeiramente é.
E pergunta-me, então, de seguida: "Como posso reaver a minha essência?". Aí mora a grande questão, porque para o fazer tem de ter a força de se libertar de todas as pretensões, dessa necessidade de ser sempre outra pessoa, do desejo de ser alguém que não você. Tem de se libertar de qualquer comparação e de qualquer competição. A comparação é um verdadeiro veneno para a construção do seu eu. Você passa quase toda a sua vida a pensar em termos daquilo que os outros têm e conseguem. Os outros têm carreiras de sucesso, carros, casas, e você sente-se infeliz. E quando você se compara com eles, você está a quer imitá-los. Logo, quem imita não está a ser ele próprio. Nunca o poderá ser. Será sempre uma imagem de outros. Imitar significa perder a oportunidade de ser quem é.


(...)
Quase sempre a condição prévia para não mudar está no acreditar erradamente que outra pessoa deve mudar antes de nós. Pois acredite que ninguém vai mudar as suas atitudes, hábitos ou comportamentos para que você seja uma pessoa apta a empreender uma mudança, seja ela qual for. E mesmo que apareça alguém, ainda que outros mudem, isso só o satisfará por um curto período de tempo. E sabe porquê? Porque o facto dos outros mudarem para que você possa mudar não é condição suficiente para isso acontecer. O que acontece é que durante algum tempo viverá na ilusão de que a mudança pode agora acontecer, mas, na verdade, ela nunca virá a acontecer, porque você continuará sem mudar. Esse alguém mudou, mas você não. Porque a partir do momento que esse alguém mudou, o seu nível de mudança também passou a ser outro. Isto é, a mudança que você antes ambicionava em si deixa de ser agora a que mais lhe convém, a mudança que você antes acreditava ser a mais acertada para si passa agora muito provavelmente a não ser a mais apropriada, unicamente porque os outros mudaram em vez de você. Se você acredita que a solução para a sua mudança está nas mãos de alguém, está a garantir-se uma vida de frustração. Ou pior. Está a colocar-se no papel de vítima, porque é mesmo o que será, pondo-se completamente dependente de outros e das suas acções para empreender qualquer mudança em si.


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Não se esqueça que todas as mudanças que decidimos fazer na nossa vida resultam num aumento do nosso conhecimento pessoal, independentemente do resultado final. Por essa razão, quando se nos depara a necessidade de uma mudança na nossa vida é fundamental ter a coragem e a humildade necessárias para não a adiar nem mais um dia. Quantas vezes se levantou exausto de manhã e teve vontade de mudar de emprego, porque o trabalho que faz fá-lo sentir-se usado, humilhado, e não lhe suscita nenhum interesse, e nada mais faz do que continuar a levantar-se cada manhã, cansado e a dizer mal do seu emprego? E quando alguém lhe oferece uma hipótese de trabalhar no estrangeiro e você recusa por temer uma mudança geográfica e fica a lamentar-se durante anos? Quantas vezes decidiu começar uma dieta ou deixar um vício a partir do dia seguinte e nunca o fez? Há quanto tempo mantém uma relação sem amor e limita-se a dizer que pode ser que as coisas melhorem sem tomar quaisquer atitudes no sentido de a alterar? Há quanto tempo dá por si a ter um estranho prazer em criticar os outros quando no fundo está a procurar esconder a sua incapacidade em tomar a iniciativa de agir? E porque é que continua a usar a desculpa do cansaço, de uma doença, da idade, para protelar uma mudança e não consegue esconder uma pontada de inveja por quem consegue fazê-lo?
Pois eu digo-lhe que você pode ficar exactamente como está toda a sua vida enquanto continuar a adiar as mudanças. Quando você elimina a hipótese de mudanças na sua vida, elimina simultaneamente todos os riscos que lhe são inerentes e sente-se erradamente protegido. Tomar a decisão de não continuar a adiar a mudança e levá-la adiante requer uma boa dose de coragem e de humildade. Mas você tem-na! Só não acredita que a tem. O único factor que o impede é você próprio e as escolhas que faz (ou não faz) por não acreditar que é capaz de as levar em frente. Por isso, decida mudar! Não tenha medo! Vamos em frente! Mudanças trazem recompensas! Mude para poder gostar de si!


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É mais fácil escolher a acção movida pelo medo, pois foi isso que nos ensinaram.
No entanto, deixe-me dizer uma coisa. Quando você escolhe a acção movida pelo medo, você não está a confiar na vida e no que ela lhe tem para oferecer. Você está a duvidar daquilo que merece, do que a vida lhe está a querer presentear. Ao ceder ao medo, você está a abafar a sua verdadeira identidade, a sua essência, a pessoa ávida de liberdade que existe dentro de si. Quem vive dominado pelo medo, não vive. Quando você escolhe viver no medo, afasta-se cada vez mais do seu propósito na vida. Põe de lado os seus objectivos, as suas metas e os seus sonhos.